Atual campeã da Taça das Favelas, a Vila Kennedy é um berço de craques. Léo Moura e Eduardo da Silva, do Flamengo, são crias da comunidade. E por falar em vermelho e preto, Vágner Love, nascido em Bangu, hoje no Shandong Lueng, da China, já jogou nos campos de terra batida da VK. E a relação entre a "família Love" e a comunidade segue forte. Seu primo, Mário Love, é um dos organizadores do DIP (dia da peneira) da Vila Kennedy e até a avó do atacante, dona Carmelita, foi assistir ao processo seletivo dos trinta meninos e meninas que vão defender as cores da favela da Zona Oeste carioca.
- Eduardo da Silva e Léo Moura vieram da Vila Kennedy. O Vágner morava em outra comunidade. A Vila Kennedy a genta acabou escolhendo, não para residir, mas para frequentar. E eu tive a oportunidade de acompanhar o Love nestes campos - disse o professor de educação física.
Mas ser descoberto por um clube e iniciar carreira no futebol não é a única motivação dos mais de duzentos jovens que lotaram o Campo da Vila, no último final de semana. Para eles, a vaga no atual campeão da Taça das Favelas traz fama dentro da própria comunidade. Mais do que troféu e medalhas, a vitória cria "moral" entre os vizinhos.
- Eu ganho mais moral na comunidade. Fico bem falado, quando passo na rua, recebo parabéns e elogios. e tem também as mulheres... - contou Wanderson Cardoso, volante campeão da última edição da Taça das Favelas com a Vila Kennedy.
O título da edição 2014 trouxe grandes responsabilidades para a equipe da Vila Kennedy, e o seu DIP é um dos mais disputados entre as 64 equipes masculinas e 16 femininas da quinta edição da Taça das Favelas. O nível é alto, e tem até atleta de time grande disputando vaga. Lucas César, jogador do juvenil do Botafogo e com passagem na Seleção Sub-15, saiu correndo do treino para tentar um lugar no time da comunidade.
- Venho para a peneira pelo prazer de jogar futebol com os amigos, ajudar a comunidade a expandir e mostrar que não tem só violência por aqui - explicou Lucas.
Na banca que vai escolher o elenco da Vila Kennedy, nomes influentes na comunidade e ex-jogadores, como Edílson e Muriqui. Moradores da zona oeste do RJ, os dois aproveitaram a euforia da garotada na peneira para relembrar os tempos de vársea.
- Não conseguia nem dormir antes das peladas. Lembro da sensação de dar uma caneta no meio de campo, ou aquela entrada mais forte na área. Voltava pra casa cheio de moral e passava na praça com o peito estufado - disse Muriqui, nascido e criado em Campo Grande.
O resultado das DIPs sai na próxima sexta-feira, 22 de novembro e os escolhidos entrarão em campo pela primeira vez no dia 18 de janeiro, contra Seropédica.
Fonte: Globo Esporte
